conheço muito bem o
rosto com que pernoitas a frémita madrugada. os lugares estratégicos para fugir
ao medo. as povoações cobertas de vivos e mortos. o caos. ainda sou do tempo em
que os homens te confundiam com uma calêndula plantada na têmpora do mundo.
estática, gemias enquanto tentavam arrancar-te da terra abandonada pelo teu
deus. ao longe, enquanto os sinos
dobravam numa espécie de anunciação, o sangue espalhava-se no interior do solo como uma preocupação atormentada. ao
teu redor, já não restava nada, para além de uma serpente que rastejava para se
emaranhar no teu caule.
Luís-Carlos Mendes