pavoneamo-nos, não há nada a esconder. é como se
acabássemos de descobrir algo de extrema importância e o quiséssemos de pronto
revelar. pavoneamo-nos, sem mistérios ou embaraços. na parte mais antiga de
cada história há sempre o amor como um acessório feito à nossa medida. em abono
da verdade, temos que nos render ao nosso mestre sentimento. pavoneamo-nos, sem
reserva nem limites. é quase como um processo aleatório que acaba
sempre na uniformidade dos nossos ternos abraços. pavoneamo-nos por entre
beijos e entregamo-nos à conquista sem nunca olhar para a tristeza do passado
já morno. e deixamo-nos ficar ali, assim, não querendo partir, para poder
ficar. pavoneamo-nos.
Luís-Carlos Mendes